sexta-feira, 7 de junho de 2019

Ética e responsabilidade empresarial

Um pouco por todo o mundo está patente uma crise de confiança nas instituições. O cinismo e o desconforto com o funcionamento das instituições generalizam-se, e são alimentados por experiências continuadas de corrupção, descredibilização dos partidos políticos e outros défices de desempenho institucional.
Também em Portugal vão surgindo novas revelações, acusações e suspeitas, que enchem as primeiras páginas dos jornais.
Há pouco tempo, ouvia a antiga Procuradora-Geral da República dizer que “há uma normalização de um determinado tipo de comportamentos e práticas que vão contra a transparência e que põem em causa o funcionamento do Estado de direito.”
Nos últimos dias, espalhou-se rapidamente nas redes sociais a notícia de um estudo que, supostamente, colocaria Portugal “em quinto lugar dos países mais corruptos em todo o mundo”.
Trata-se, evidentemente, de mais um exemplo de manipulação enganosa de informação, de uma “fake new”, como agora se costuma dizer. Contudo, a velocidade a que se propagou esta mensagem por milhares de cidadãos não deixa de ser preocupante e reveladora de um ambiente de desconfiança nas instituições, que parece alastrar.
Neste ambiente, facilmente as empresas são vistas como parte do sistema, abrindo-se o caminho a uma maior projeção de alguns setores da sociedade portuguesa que persistem em difundir antagonismos e preconceitos contra os empresários.
A confiança nas instituições tem de ser restaurada, sob o risco de cairmos em situações de rutura que destruam os fundamentos dos sistemas políticos e económicos em que continuamos a acreditar e as causas que defendemos.
Por isso, é grande a responsabilidade dos empresários na restauração de um clima de confiança, não só nos mercados, mas em geral no tecido social em que vivemos.
A primeira responsabilidade do empresário é assegurar a competitividade da sua empresa, porque a liderança empresarial só será responsável se tiver como primeiro objetivo garantir, numa perspetiva de sustentabilidade, a sua perenidade e a subsistência dos seus postos de trabalho.
Só através do sucesso e dos resultados gerados as empresas poderão contribuir de forma determinante para a criação de valor e de emprego, e é esse o principal papel que lhes compete desempenhar na sociedade.
Mas a responsabilidade dos empresários não tem apenas uma faceta meramente económica. Não é só um compromisso para com a sua própria empresa e os seus trabalhadores. É, acima de tudo, um compromisso para com a sociedade em que exerce a sua atividade, que deve ser assumido e valorizado.
E a face mais visível dessa responsabilidade passa, naturalmente, por adotar práticas socialmente responsáveis, entre as quais destaco a assunção de princípios de ética empresarial, como referencial de conduta no mundo dos negócios. Ética que começa pelo respeito pela lei e pelos compromissos que estão na base de toda a relação empresarial.
Passa também por assumir uma atitude de cidadania ativa, individualmente e através de um associativismo empresarial forte e coeso.
Esta é uma responsabilidade que cabe aos empresários, reforçando a sua capacidade de intervenção na sociedade e o seu prestígio como atores do desenvolvimento económico.
 
Tem sido este o meu combate. Tem sido este o combate de muitos empresários que partilham as mesmas causas.
Acredito que é um combate em que vale a pena perseverar, contra ventos e marés.
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário