sexta-feira, 23 de junho de 2017

As pessoas da sua organização têm sucesso a “pisar” os colegas?

As pessoas da sua organização têm sucesso a “pisar” os colegas? Há preferidos – e preteridos – na altura de atribuir projetos ou de dar aumentos? Estes são alguns dos sinais de que trabalha num ambiente tóxico.
Padmaja Ganeshan-Singh
Mesmo quando adoramos o que fazemos há sempre algo no nosso local de trabalho que gostaríamos de poder mudar. E isto num cenário ideal; se tiver sorte, tem apenas um problema ou dois que gostaria de resolver, mas nada que tenha grande impacto na sua satisfação no emprego como um todo. No entanto, se os seus problemas vão para além de pequenas reclamações – se se sentir ameaçado, sufocado, comprometido nos seus princípios, na ética de trabalho, ou no bem-estar profissional e pessoal – pode estar a trabalhar num ambiente tóxico. Eis cinco sinais reveladores:
 
1. Há muita concorrência – e não é da saudável 
Todos na sua equipa parecem estar a tentar provar o seu valor... ao denegrirem o colega do lado. Parece que a intenção não é ter sucesso mas fazer com que a outra pessoa fique mal vista. Se está a gastar mais tempo a tentar explicar ao seu chefe o que o seu colega fez, ou tem de fazer controlo de danos em todos os seus projetos, é porque provavelmente está a ser sugado por um ambiente tóxico.
2. O seu superior simplesmente não está a gerir bem
Há maus líderes e gestores em todo o lado. Gritam, fazem comentários impróprios, repreendem os colaboradores em público e assim por diante. Num ambiente tóxico, é usual o responsável só atribuir projetos ou dar aumentos e promoções aos seus “protegidos”, ignorando e não se preocupando com o resto da equipa. E embora muitos líderes possam ser agressivos, há uma linha que a maioria não atravessa – a que coloca em causa a sua ética. Se o seu superior hierárquico aconselha a quebrar códigos de conduta ou leis, tem de informar quem de direito.
3. Os Recursos Humanos não ajudam
Se os Recursos Humanos fazem ameaças quando tenta obter ajuda ou apoio – “tenha cuidado ou pode ficar sem o emprego”, “aguente-se e faça o seu trabalho” –, não estão a fazer o que é suposto. E, provavelmente, nunca o farão. Se tiver hipótese, saia da empresa.
4. O bullying é um comportamento aceite
Se a equipa se sente encurralada e impotente por causa da conduta irresponsável e insensível de alguns membros, e se tal comportamento é tolerado, então está preso num ambiente onde simplesmente não é possível fazer o seu trabalho de forma eficaz.
5. A liderança não “vê”
Se a gestão de topo só quer ver resultados e não quer ter nada a ver com a forma como os colaboradores os alcançam, está a incentivar uma cultura duvidosa. Um ambiente de trabalho stressante – onde todos têm de apresentar resultados quaisquer que sejam os meios para os atingir – pode afetar a saúde e o bem-estar dos funcionários. A equipa de liderança está a alimentar um comportamento cáustico; e nem sequer pode tentar falar com os responsáveis sobre o assunto, porque pura e simplesmente eles não querem saber.

Quando
a cultura da empresa é tóxica, por vezes não há muito que se possa fazer para alterar a situação. No entanto, se o problema se restringe à sua equipa, então tem opções. Evite a(s) pessoa(s) tóxica(s), e fale com o seu superior hierárquico, a pessoa acima dele, ou um terceiro interveniente a nível interno, neutro, como os Recursos Humanos. Contudo, se vir que não pode optar por nenhuma destas hipóteses, pode estar a colocar em risco a sua saúde, a carreira e até a sua reputação. E talvez seja altura de sair o mais rápido possível e nem sequer olhar para trás.

Portal da Liderança
 

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Como minimizar o impacto que o stress provoca, entre trabalho, família e amigos?

Após um longo dia de trabalho, se não tivermos cuidado, podemos deixar as questões do emprego transformarem-se em problemas em casa, muitas vezes à custa das nossas famílias, dos relacionamentos ou da nossa saúde, como explicam na Harvard Business Review Jackie Coleman (antiga conselheira de casais, trabalhou recentemente em programas de educação para o Estado da Geórgia, nos EUA) e John Coleman (coautor do livro “Passion & Purpose: Stories from the Best and Brightest Young Business Leaders”). Os autores referem que, no Reino Unido, um estudo do Health and Safety Executive conclui que 43% dos dias de baixa por doença estão relacionados com stress. Outro estudo, da American Psychological Association (APA), denota que os dois fatores de stress mais comuns entre as pessoas analisadas ​​são o trabalho e o dinheiro, e que o stress resulta muitas vezes em irritabilidade, raiva, nervosismo e ansiedade – comportamentos que podem causar tensão quando trazidos do emprego para casa.

Como minimizar então o impacto que o stress relacionado com o trabalho tem no relacionamento com a nossa cara-metade, os familiares e os amigos? Apresentamos cinco medidas para evitar que o stress laboral passe a stress em casa.
Limitar o trabalho no tempo e no espaço. Um estudo realizado por Scott Schieman, da Universidade de Toronto, Canadá, mostra que 50% das pessoas levam trabalho para casa, e que a interferência do emprego na vida pessoal é maior para quem tem “ocupações com mais responsabilidade/autoridade, maior poder de tomada de decisão, pressão e mais horas de trabalho”. Num mundo cada vez mais conectado, muitos trabalhadores estão acessíveis 24/7: a tempo inteiro ou a tempo parcial a partir de casa (como é o caso de uma conselheira, que é chamada a reunir-se com os clientes em momentos de crise a qualquer hora; ou o de um consultor de gestão, em que é frequente estar a trabalhar no portátil em casa até altas horas da madrugada). Se o trabalho está constantemente a imiscuir-se no tempo que deve ser dedicado à vida familiar, o mesmo acontece com as tensões relacionadas com o emprego. 
Pelo que convém deixar o trabalho no escritório. Ter, por exemplo, a regra de trabalhar em casa apenas em circunstâncias excecionais, e manter as pastas, os computadores e tudo o mais na secretária. Se tal não for viável devido ao cargo ou profissão exercida, há que estabelecer algumas horas por dia para dedicar apenas à vida em casa – uma hora para o jantar ou a altura de deitar as crianças, por exemplo – em que pode eliminar as distrações e concentrar-se na família. Se trabalha em casa não leve o portátil para a cama ou para o sofá, opte pelo escritório ou um espaço específico – tal vai ajudar a desligar-se mentalmente quando sair da divisão, dando-lhe um incentivo para trabalhar de modo mais eficiente em vez de se demorar nas tarefas. 
Desenvolver bons hábitos nos dispositivos móveis. Hoje a forma mais comum de as distrações relacionadas com o trabalho se infiltrarem nos relacionamentos de uma pessoa é através dos smartphones. Já lhe aconteceu, à noite, depois de ter, finalmente, conseguido descomprimir, dar uma vista de olhos aos e-mails e ver algo alarmante que o deixa stressado? Em média, uma pessoa verifica o telemóvel 46 vezes por dia, passando quase cinco horas diárias em dispositivos móveis, o que leva 30% dos utilizadores a considerarem os seus smartphones umas “amarras”.

Convém desenvolver 
bons hábitos e regras para evitar que os tablets e os telemóveis sejam uma interrupção. Ter, por exemplo, dois telemóveis – um para trabalhar e o outro para uso pessoal –, à noite e aos fins de semana deixe o do emprego fora de alcance (ou desligado). E nunca verifique o seu e-mail de trabalho uma hora ou duas antes de ir para a cama. Vários estudos concluíram que estar a olhar para um ecrã de telemóvel antes de dormir pode afetar de forma negativa a capacidade de o cérebro se preparar para descansar, e a privação do sono está diretamente ligada ao stress. Quando em férias, deixe os dispositivos móveis relacionados com o emprego no cofre do hotel e veja-os apenas em alturas pré-determinadas. 
Manter uma boa rede de apoio. Os nossos companheiros podem ser excelentes a lidar com o stress. Mas colocar todo o peso do stress relacionado com o trabalho no cônjuge ou parceiro é injusto para com a pessoa e perigoso para o relacionamento. Desenvolva uma rede de apoio de amigos e mentores que possam ajudar a gerir o stress laboral, para que não seja um fardo exclusivo da sua cara-metade. A pesquisa da APA já mencionada observou níveis mais baixos de stress em quem tem uma forte rede de apoio social. Ter pessoas para nos apoiarmos em momentos de stress pode aumentar a nossa capacidade de lidar com problemas de fora da nossa rede, isto porque termos apoio aumenta a nossa autonomia e autoestima
Ter um ritual de fim de dia. Por vezes o cérebro precisa de um sinal para se preparar para o tempo em casa. Melhor ainda se este sinal puder ajudá-lo a descomprimir. Pode, por exemplo, usar o trajeto de volta do escritório para relaxar – seguindo pelo caminho mais “cénico”, a ouvir música ou as notícias, e dar-se tempo para “mudar o chip” para a vida familiar; ou então ir ao ginásio, ir correr, meditar, entre outros rituais. Pense sobre o que o ajuda a relaxar e encontre espaço na sua agenda para esse hábito – sobretudo no final de um longo dia de trabalho – de modo a que, quando chegar a casa, já esteja livre da “bagagem” que vai acumulando ao longo do dia.
Criar um terceiro espaço. Quando se tem família, o quotidiano pode girar na totalidade em torno das responsabilidades no emprego e em casa. Os executivos ocupados correm para casa para ajudar com as crianças – transportá-las para as suas muitas atividades, trocar fraldas… – ou a executar tarefas como cozinhar, lavar a roupa, etc. Ter um terceiro espaço para além do emprego e da casa pode ajudar muito na gestão do stress.

Mesmo fazendo parte de um casal, cada parceiro deve manter hábitos e horários que lhes permitam explorar os próprios interesses, relaxar, e encontrar um espaço que é só seu fora de casa e do emprego. Estes espaços são diferentes para cada um de nós – quer sejam cafés tranquilos, clubes de livros, aulas de karaté, noites de “jogatana” de cartas –, e são importantes para mantermos a nossa identidade e o nosso senso de paz. Faça um esforço por proporcionar ao seu companheiro um terceiro espaço para que mantenha as amizades e explore os seus interesses, e peça-lhe que faça o mesmo por si. Um terceiro espaço quer dizer que não vai andar a correr de responsabilidade em responsabilidade sem ter tempo para respirar.
O stress no emprego pode ser um desafio para a vida em casa. Mas, como apontam Jackie e John Coleman, ao aprender a geri-lo – em conjunto com o seu companheiro e ao deixar à porta de casa um pouco do stress ligado ao trabalho, pode contribuir para um melhor relacionamento e uma melhor saúde física e mental.
Fonte: HBR