sábado, 20 de julho de 2019

Qual o poder de acreditar em si mesmo!

Inicio este artigo com uma pergunta de reflexão: como podemos querer acreditar em quem nos lidera senão acreditamos em primeiro lugar em nós?
Atualmente, os departamentos de RH promovem cada vez mais, nas suas políticas internas, incentivos, benefícios, programas de motivação e de maior envolvimento dos colaboradores nas empresas, contudo, parece que, quanto mais se aprofunda esse tema, mais difícil se torna, manter elevados níveis de motivação, pro-atividade, empenho e dedicação das pessoas nos seios das empresas.
Num artigo anterior, falei-vos do poder da superação a partir da transmissão da visão da empresa baseada no desafio diário dos indivíduos e das equipas. Desafiar pessoas e equipas constantemente. Este trabalho, também é uma tarefa de equipa e do próprio indivíduo. Não basta que os líderes acreditem nas suas equipas e na visão da empresa. É preciso que as pessoas acreditem em si mesmas. Para mim, esta é a génese do sucesso e de superação de qualquer indivíduo.
Creio que vivemos atualmente uma espécie de crise de ausência de “existencialidade corporativa”. Quanto mais liberdade e responsabilização é dada às pessoas, menos acreditam em si próprias? Quanto mais desafios lhes são colocados à disposição, menos se sentem motivadas e empenhadas?
Vou contar-vos numa história.
Havia um reino com muitos súbditos. Estavam descontentes.  Apesar de viverem no palácio, cercados de ouro, deliciosas comidas, festas e favores do rei, sentiam-se totalmente desmotivados e sem paixão pelo que faziam ou como viviam o seu dia-a-dia.
Um dia, o rei sabendo que estavam descontentes e desmotivados, enviou uma carta, convocando todos para uma grande reunião no salão do palácio. Na carta do rei, orientava que somente aqueles que quisessem tratar de interesses maiores do reinado deveriam comparecer. Chegou o dia de se encontrarem com o rei. Muitos dos súbditos curiosos pela chegada do rei aguardavam ansiosos.
Entrou o rei acompanhado de muitos sábios do palácio, mas percebendo que nem todos estavam ali, perguntou: “Porque não vieram todos?” Um dos sábios respondeu: “Caríssimo rei, ouvimos falar que muitos não se acharam importantes o bastante para tratar dos assuntos do reinado e preferiram continuar em seus afazeres.” Então o rei falou para todos os que estavam ali: “Meus caros súbditos. Soube que muitos de vocês estão descontentes com as tarefas e responsabilidades que executam no castelo. Após reflexão vou passar alguns de vós para cargos com maiores responsabilidades. Irei precisar de novos comandantes da guarda, governadores de algumas províncias, comandantes de pelotões do exército e até mensageiros e soldados. Vou lançar-vos alguns desafios e aqueles que passarem vão merecer as novas responsabilidades. Aguardo por vós aqui amanhã.
No outro dia entrou o rei no salão e percebendo menos homens na sala perguntou aos sábios: “Onde estão os outros?”. Os sábios responderam que muitos dos homens, sabendo que teriam desafios, acharam que seriam muito duros e difíceis e preferiram não tentar. Não se achavam preparados ainda para grandes desafios. Ao que o rei respondeu, muito descontente: “Mas eu ainda nem falei quais seriam os desafios!”.
Então o rei passou a primeira tarefa. Cada interessado pelos novos cargos deveria escrever um pequeno texto que contentasse ao rei, porque seria a pessoa indicada para a nova responsabilidade. Chamou alguns escritores do reinado e pediu para que os ensinassem sobre a arte de escrever durante todo o resto daquele dia. No outro dia, entrou o rei no salão e vendo menos homens, perguntou aos sábios:”. Onde estão os outros que estavam aqui ontem? Vejo que faltam muitos!?”. Ao que os sábios responderam: “Muitos acharam difícil a tarefa de ter que escrever um texto e que não conseguiriam fazer a tarefa. Então desistiram. O rei passou o próximo desafio e disse: “Vós tendes  que preparar um discurso para falar para um grande número de pessoas no dia que comemorarmos a festa da colheita da cevada.”
O rei em seguida trouxe os que preparavam os seus discursos e deixou-os o restante do dia a ensina-los a preparar discursos. No outro dia, o rei entrou no salão e vendo poucos súbditos, perguntou aos sábios:” O que houve com os demais que estavam ontem?”. “Caríssimo rei, muitos disseram que não eram capazes de falar para muitas pessoas e desistiram” – Respondeu um dos sábios.
O rei, ainda esperançoso, passou então mais uma tarefa: “Vós tendes que ir a algumas províncias para defender os meus interesses. Terão a minha proteção. Mas encontrarão pessoas muito difíceis de lidar!”. Depois trouxe negociadores do palácio para lhes dar instruções sobre negociação durante o restante do dia. No dia seguinte o rei voltou ao salão e apenas três estavam a aguardar.
O rei então olhou para eles e disse: “Vós tendo sido os escolhidos, ordeno aos coordenadores do castelo que vos encaminhem para os novos ofícios.” O rei percebendo que os três estavam com aparência de espanto e a olhar uns para os outros, cedeu-lhes a palavra. Eles então falaram ao rei: “Amado rei, nós não cumprimos ainda as tarefas dadas para vós. Até estamos a escrever algumas coisas, estamos a treinar falar com o povo, e a arte de negociar, mas precisamos de mais tempo para nos preparar. Nem sabemos se vamos conseguir.
O rei com um sorriso, disse: “Muitos nem tentaram, outros desistiram antes mesmo de saber quais seriam os desafios. Alguns abandonaram o que queriam no primeiro pensamento de que encontrariam dificuldades, e outros na primeira dificuldade que encontraram. Eles não acreditaram neles próprios, como eu poderia acreditar neles?
Vocês foram testados no mais profundo dos testes. Na crença em si mesmo! Para realizar algo importante é preciso acreditar primeiro em si mesmo!”
Creio nas pessoas por princípio, porque todas têm imenso potencial, humano e profissional. Acredito nelas para as ver superarem-se e desafiarem-se diariamente. “Acredito para ver” e com bem mais resultados, do que no “ver para crer”. Ajudar as pessoas a chegarem à melhor versão delas próprias, é uma jornada, que leva o seu tempo, mas altamente recompensadora.
É esta capacidade de acreditar em si próprio em primeiro lugar, que faz de si uma pessoa extraordinária, capaz de superar-se a cada dia quer como pessoa quer no seio de qualquer equipa ou organização. Assim nascem os líderes! Aos líderes atuais cabe o desafio de passar a visão com paixão, coração e dar as condições para que chegue lá!
Seja, em primeiro lugar, o rei do seu reino. Acredite em si próprio e os seus lideres estarão lá para o apoiar e criar o espaço e as condições para se superar.
Artigo retirado do Link to Leaders!

segunda-feira, 1 de julho de 2019

A tua Carreira Profissional!

Muito se fala em sucesso profissional, apostando numa carreira recheada de conquistas e metas alcançadas. É frequente surgirem artigos com os passos para o sucesso. Ora bem, os conceitos de carreira e sucesso são cada vez mais relativos, pois os profissionais tendem a valorizar dimensões completamente diferentes e cada um de nós deve decidir mediante a sua perspetiva.
Na minha opinião, não há que separar a vida profissional e pessoal, pois cada vez mais conseguimos “encaixar” o nosso trabalho no meio do nosso dia-a-dia, por exemplo, trabalhando remotamente ou fazendo horários que nos permitam acompanhar a vida dos nossos filhos. Ou seja, esta flexibilidade permite reduzir o fosso entre o nosso trabalho e a nossa vida familiar. Tal ao dia de hoje ainda não esta intrínseco nas empresas em Portugal mas é algo que devemos estar atentos e começar a pensar ainda mais pois uma pessoa feliz emocionalmente rende muito mais para a empresa, e quem gere tem de analisar todos os prós e contras. Em todo o caso para empresas que tem armazém e saidas diárias esta situação aos dias e de todo impossivél neste caso especifico.
Em relação ao nosso percurso profissional é frequente sermos influenciados ou reagirmos mediante a opinião dos outros. A tal frase cliché “não me importa o que os outros pensam” às vezes não corresponde bem à verdade. Na prática, sabemos que alguma parte de nós é influenciada pela opinião de amigos, colegas e familiares, sendo por vezes um fator determinante na tomada de decisões na nossa carreira profissional. Por vezes, há quem nos impeça de avançar, tecendo uma opinião acerca de algo que julga saber melhor que nós próprios. Pelo contrário, também existem pessoas que nos incentivam a avançar e arriscar quando tudo parece ser demasiado obscuro. Da perspetiva da carreira profissional sou apologista que a opinião de algumas pessoas pode (e deve!) servir para nos ajudar a raciocinar acerca do caminho que queremos tomar, no entanto, não há dúvida que nós próprios temos a visão mais completa daquilo que é o contexto onde nos inserimos e para onde queremos caminhar.
Devemo-nos sempre colocar em causa para poder seguir em frente, e desafiarmo-nos a nós próprios relativamente àquilo que é o nosso percurso. É importante termos consciência que o mundo não gira à nossa volta e devemos ter sempre a mesma humildade, cooperação, ajuda e constante aprendizagem. A pergunta clássica “onde é que se vê daqui a 5 anos?” deverá ser respondida a nós próprios de forma constante, para que possamos delinear o nosso percurso de aprendizagem e crescimento da melhor forma.
É de realçar que nem todos procuram a mesma escalada profissional que os leve a CEO ou a assumir uma posição de chefia, pois existem pessoas que pretendem permanecer numa área técnica o resto do seu percurso profissional, sem assumir responsabilidades maiores. E se é essa a sua visão, provavelmente perdeu-se um mau líder e ganhou-se um excelente técnico! E portanto, o sinónimo de sucesso resulta única e exclusivamente da nossa felicidade e bem-estar, sendo isso que torna o nosso trabalho gratificante. Existem diferentes vetores que devem ser tidos em consideração, designadamente: work-life balance, evolução de carreira na empresa, condições salariais e a cultura organizacional da respetiva empresa. Ainda existe uma certa mentalidade de nos incentivar a encontrar um emprego numa empresa estável, fazer carreira com benefícios e segurança, não nos passando pela cabeça mudar de trabalho num curto espaço de tempo. Atualmente, com o advento das start-ups, sendo o mercado de trabalho cada vez mais global, é frequente ver alguns profissionais saltarem de empresa em empresa, vivenciando experiências completamente diferentes e cada vez mais motivados. Na minha opinião, esses profissionais são muito mais relevantes para as empresas por onde passam, tendo a capacidade de fazer mais, melhor e diferente.
De qualquer forma, gosto de levar as coisas com leviandade, e como refere o Alain de Botton no seu livro “Alegrias e Tristezas do Trabalho”, há que saber lidar com a insignificância da maioria das nossas atividades ou tarefas no trabalho, independentemente do nosso percurso e objetivo. É só trabalho.