Costuma
dizer-se que somos o produto das cinco pessoas com quem passamos mais tempo. Se
permitirmos que apenas uma delas seja tóxica... É que este género de
funcionário não só nos torna infelizes no local de trabalho como representa um
sério problema para o nosso cérebro.
Travis Bradberry
As pessoas tóxicas desafiam a lógica. Algumas não têm qualquer noção do impacto
negativo que têm em seu redor, e outras parecem ficar satisfeitas com o caos
que causam e em irritar os colegas ao máximo. Assim, tal como é importante
aprender a lidar com diferentes tipos de pessoas, também devemos saber que as
realmente tóxicas nunca vão merecer que despendamos o nosso tempo e energia –
que elas consomem em abundância. As pessoas tóxicas criam uma complexidade
desnecessária, contendas, e, pior de tudo, stress no local de trabalho.
“As
pessoas inspiram-no ou esgotam-no – escolha-as com sabedoria.”
Hans F. Hansen
Investigação
da Universidade Friedrich Schiller, na Alemanha, mostra quão problemáticas
podem ser as pessoas tóxicas. A pesquisa descobriu que a exposição a estímulos
que causam fortes emoções negativas – do género que se tem em contacto com
pessoas tóxicas – leva o cérebro a ter uma reação maciça de stress. Quer se
trate de negatividade, crueldade, síndroma de vítima ou simplesmente loucura,
as pessoas tóxicas fazem com que o nosso cérebro entre num estado de stress que
deve ser evitado a todo custo. São vários os estudos que têm mostrado que o
stress pode ter um impacto duradouro e negativo no cérebro. A exposição a
apenas alguns dias de stress compromete a eficácia dos neurónios no hipocampo,
uma importante área do cérebro responsável pelo raciocínio e a memória. Semanas
de stress causam danos irreversíveis nas células do cérebro; e meses de stress
podem destruí-las de forma permanente. Pelo que as pessoas tóxicas não nos
tornam apenas infelizes – são um problema para o nosso cérebro.
A
capacidade de gerirmos as emoções e de mantermos a calma sob pressão está
diretamente ligada ao nosso desempenho. A empresa de consultoria americana
TalentSmart realizou um estudo com mais de 1 milhão de pessoas e concluiu que
90% dos profissionais com excelente desempenho são hábeis a gerir as emoções
nos momentos de stress a fim de se manterem calmos e sob controlo; mais: um dos
seus maiores dons é a capacidade de identificarem pessoas tóxicas e de as
manterem afastadas.
Costuma
dizer-se que somos o produto das cinco pessoas com quem passamos mais tempo. Se
permitirmos que uma delas seja tóxica, descobrimos em pouco tempo como esta nos
está a arrastar para baixo. Dado que só conseguimos distanciar-nos deste tipo
de pessoas depois de as conhecermos um pouco mais, o truque é separar aquelas
que são apenas irritantes ou difíceis das que são verdadeiramente tóxicas.
Seguem-se dez tipos de “sorvedouros tóxicos” dos quais devemos ficar longe a
todo o custo e assim não corrermos o risco de virmos a tornar-nos num, também.
1.
A coscuvilheira. As pessoas “cuscas” têm prazer com o
infortúnio das outras. De início, pode ser divertido perscrutar a gafe pessoal
ou profissional de terceiros, mas, com o tempo, torna-se cansativo, faz-nos
sentir mal e fere os outros. Há tantas pessoas positivas à nossa volta, e temos
muito a aprender com as que são interessantes para desperdiçarmos o nosso tempo
a falar das desgraças alheias.
2.
A temperamental. Algumas pessoas não controlam de forma
nenhuma as suas emoções. Pelo que nos atacam e projetam os sentimentos delas em
nós, e pensam que somos a única causa do seu mal-estar. É difícil afastá-las
porque a sua falta de controlo nos faz sentir mal por elas. Quando
pressionadas, usam-nos como as suas casas de banho emocionais, o que deve ser
evitado a todo custo.
3.
A vítima. As vítimas são difíceis de identificar porque
inicialmente temos empatia pelos seus problemas. Mas, com o passar do tempo,
começamos a perceber que o seu “tempo de necessidade” é... o tempo todo. As
vítimas livram-se de qualquer responsabilidade ao fazerem de cada lomba uma
montanha intransponível. Não veem os momentos difíceis como oportunidades para
aprender e crescer, antes pelo contrário. Há um velho ditado que diz “a dor é
inevitável mas o sofrimento é opcional”, e que capta perfeitamente a toxicidade
das vítimas, que de todas as vezes escolhem sofrer.
4.
A centrada nela própria. Este género de pessoas coloca-nos para
baixo enquanto se mantêm distantes das restantes. Por norma percebemos bem
quando nos damos com pessoas centradas nelas próprias: começamos a sentir-nos
completamente sozinhos. Isto acontece porque, no que lhes diz respeito, não há
qualquer motivo para manterem uma ligação entre elas e terceiros. Nós somos
apenas uma ferramenta que usam para construírem a sua autoestima.
5.
A invejosa. Para estas pessoas, a relva é sempre mais verde noutro
lugar. Mesmo quando lhes acontece algo de bom, não têm qualquer satisfação –
porque comparam a sua sorte com o resto do mundo, quando deveriam ir buscar a
satisfação dentro delas próprias. O problema é que haverá sempre alguém que
está melhor. Passar muito tempo com estas pessoas é perigoso porque nos levam a
banalizar os nossos feitos/realizações.
6.
A manipuladora. Este tipo de pessoas suga-nos tempo e
energia sob a fachada da amizade. Podem ser difíceis de lidar com, porque
tratam-nos como amigos. Sabem o que gostamos, o que nos faz felizes, o que
achamos engraçado… a diferença é que usam estas informações com segundas
intenções. Os manipuladores querem sempre algo de nós, e se olharmos bem para a
nossa relação com eles, é só tirarem, tirarem, tirarem, com pouca ou nenhuma entrega.
Fazem de tudo para nos conquistar apenas para que possam manipular-nos mais.
7.
A “dementadora”. Em “Harry Potter”, de J.K. Rowling, os
Dementadores são criaturas do mal que sugam a alma das pessoas para fora dos
corpos. Sempre que um Dementador entra na sala, tudo fica escuro, as pessoas
ficam frias e começam a recordar as suas piores lembranças. A autora declarou
que desenvolveu o conceito com base em pessoas altamente negativas, que têm a
capacidade de entrar numa sala e sugar instantaneamente toda a vida existente,
e fazem-no impondo a sua negatividade e pessimismo. Os seus pontos de vista são
sempre os do “copo meio vazio”, e podem injetar medo e preocupação nas
situações mais benignas. Um estudo da Universidade de Notre Dame descobriu que
os estudantes com companheiros de quarto que pensam de forma negativa são muito
mais propensos a desenvolver um pensamento negativo e até mesmo depressão.
8.
A retorcida. Há pessoas tóxicas que têm más intenções, decorrentes da
profunda satisfação que têm com a dor e miséria dos outros. Por norma querem
prejudicar-nos, fazer-nos sentir mal, ou obter algo de nós; caso contrário, não
têm qualquer interesse em nós. O único aspeto bom nestas pessoas é o serem
fáceis de detetar, o que faz com que seja muito mais rápido afastá-las.
9.
A crítica. São pessoas rápidas a dizer exatamente o que é e não é
bom. Têm uma forma de pegar naquilo que mais nos apaixona e de fazerem com que
nos sintamos mal por isso. Em vez de apreciarem e aprenderem com quem é
diferente, as pessoas críticas olham de alto para os outros; e sufocam a
vontade de sermos expressivos e apaixonados, pelo que é melhor “rifá-las”.
10.
A arrogante. As pessoas arrogantes são um desperdício do nosso tempo,
porque veem tudo o que fazemos como um desafio pessoal. A arrogância é falsa
confiança, e mascara sempre grandes inseguranças. Um estudo da Universidade de
Akron, nos EUA, refere que a arrogância está relacionada com uma série de
problemas no local de trabalho – as pessoas arrogantes tendem a ter um
desempenho mais fraco, são mais desagradáveis e têm mais problemas cognitivos.
Como
nos protegermos assim que as reconhecemos?
As
pessoas tóxicas deixam-nos loucos por se comportarem de forma tão irracional.
Então, porque havemos de lhes responder emocionalmente e de sermos sugados por
elas? Quanto mais irracional alguém é mais fácil deve ser sairmos das suas
armadilhas. Temos de parar de tentar vencê-las no jogo delas. Distanciarmo-nos
emocionalmente, e tratarmos das interações com elas como se fossem um trabalho
para Ciências (ou como se fossemos o psiquiatra delas, se preferir a analogia).
Não precisamos de responder ao caos emocional – apenas aos factos.
Manter
uma distância emocional requer consciência. Não podemos impedir que alguém
abuse se não reconhecermos quando tal está a acontecer. Poderemos encontrar-nos
em situações em que vamos precisar de parar para pensar e escolher o melhor
caminho a seguir. Isso é bom, e não devemos ter receio de demorar tempo a
fazê-lo.
A
maioria das pessoas sente que, porque trabalham ou vivem com alguém, não têm
nenhuma maneira de controlar o caos. Tal não é verdade. Assim que identificamos
uma pessoa tóxica, começamos a considerar o seu comportamento mais previsível e
mais fácil de entender; isto irá equipar-nos para pensarmos racionalmente sobre
quando e onde teremos de a aturar ou não. Podemos estabelecer limites, mas
teremos de o fazer de forma consciente e proativa. Se deixarmos as coisas
acontecerem naturalmente, vamos estar constantemente envolvidos em conversas
difíceis. Se estabelecermos limites e decidirmos quando e onde vamos interagir
com uma pessoa difícil, podemos controlar grande parte do caos. O único truque
é mantermo-nos firmes e estabelecer limites quando a pessoa tóxica tentar
atravessá-los – coisa que ela fará.
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