Muito
se fala em sucesso profissional, apostando numa carreira recheada de conquistas
e metas alcançadas. É frequente surgirem artigos com os passos para o sucesso.
Ora bem, os conceitos de carreira e sucesso são cada vez mais relativos, pois
os profissionais tendem a valorizar dimensões completamente diferentes e cada
um de nós deve decidir mediante a sua perspetiva.
Na
minha opinião, não há que separar a vida profissional e pessoal, pois cada vez
mais conseguimos “encaixar” o nosso trabalho no meio do nosso dia-a-dia, por
exemplo, trabalhando remotamente ou fazendo horários que nos permitam
acompanhar a vida dos nossos filhos. Ou seja, esta flexibilidade permite
reduzir o fosso entre o nosso trabalho e a nossa vida familiar. Tal ao dia de hoje ainda não esta intrínseco nas empresas em Portugal mas é algo que devemos estar atentos e começar a pensar ainda mais pois uma pessoa feliz emocionalmente rende muito mais para a empresa, e quem gere tem de analisar todos os prós e contras. Em todo o caso para empresas que tem armazém e saidas diárias esta situação aos dias e de todo impossivél neste caso especifico.
Em
relação ao nosso percurso profissional é frequente sermos influenciados ou
reagirmos mediante a opinião dos outros. A tal frase cliché “não me importa o
que os outros pensam” às vezes não corresponde bem à verdade. Na prática,
sabemos que alguma parte de nós é influenciada pela opinião de amigos, colegas
e familiares, sendo por vezes um fator determinante na tomada de decisões na
nossa carreira profissional. Por vezes, há quem nos impeça de avançar, tecendo
uma opinião acerca de algo que julga saber melhor que nós próprios. Pelo
contrário, também existem pessoas que nos incentivam a avançar e arriscar
quando tudo parece ser demasiado obscuro. Da perspetiva da carreira
profissional sou apologista que a opinião de algumas pessoas pode (e deve!)
servir para nos ajudar a raciocinar acerca do caminho que queremos tomar, no
entanto, não há dúvida que nós próprios temos a visão mais completa daquilo que
é o contexto onde nos inserimos e para onde queremos caminhar.
Devemo-nos
sempre colocar em causa para poder seguir em frente, e desafiarmo-nos a nós
próprios relativamente àquilo que é o nosso percurso. É importante termos
consciência que o mundo não gira à nossa volta e devemos ter sempre a mesma
humildade, cooperação, ajuda e constante aprendizagem. A pergunta clássica
“onde é que se vê daqui a 5 anos?” deverá ser respondida a nós próprios de
forma constante, para que possamos delinear o nosso percurso de aprendizagem e
crescimento da melhor forma.
É de
realçar que nem todos procuram a mesma escalada profissional que os leve a CEO
ou a assumir uma posição de chefia, pois existem pessoas que pretendem
permanecer numa área técnica o resto do seu percurso profissional, sem assumir
responsabilidades maiores. E se é essa a sua visão, provavelmente perdeu-se um
mau líder e ganhou-se um excelente técnico! E portanto, o sinónimo de sucesso
resulta única e exclusivamente da nossa felicidade e bem-estar, sendo isso que
torna o nosso trabalho gratificante. Existem diferentes vetores que devem ser
tidos em consideração, designadamente: work-life
balance, evolução de
carreira na empresa, condições salariais e a cultura organizacional da
respetiva empresa. Ainda existe uma certa mentalidade de nos incentivar a
encontrar um emprego numa empresa estável, fazer carreira com benefícios e
segurança, não nos passando pela cabeça mudar de trabalho num curto espaço de
tempo. Atualmente, com o advento das start-ups, sendo o mercado de trabalho
cada vez mais global, é frequente ver alguns profissionais saltarem de empresa
em empresa, vivenciando experiências completamente diferentes e cada vez mais
motivados. Na minha opinião, esses profissionais são muito mais relevantes para
as empresas por onde passam, tendo a capacidade de fazer mais, melhor e
diferente.
De
qualquer forma, gosto de levar as coisas com leviandade, e como refere o Alain
de Botton no seu livro “Alegrias e Tristezas do Trabalho”, há que saber lidar
com a insignificância da maioria das nossas atividades ou tarefas no trabalho,
independentemente do nosso percurso e objetivo. É só trabalho.
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