Inicio
este artigo com uma pergunta de reflexão: como podemos querer acreditar em quem
nos lidera senão acreditamos em primeiro lugar em nós?
Atualmente,
os departamentos de RH promovem cada vez mais, nas suas políticas internas,
incentivos, benefícios, programas de motivação e de maior envolvimento dos
colaboradores nas empresas, contudo, parece que, quanto mais se aprofunda esse
tema, mais difícil se torna, manter elevados níveis de motivação,
pro-atividade, empenho e dedicação das pessoas nos seios das empresas.
Num
artigo anterior, falei-vos do poder da superação a partir da transmissão da
visão da empresa baseada no desafio diário dos indivíduos e das equipas.
Desafiar pessoas e equipas constantemente. Este trabalho, também é uma tarefa
de equipa e do próprio indivíduo. Não basta que os líderes acreditem nas suas
equipas e na visão da empresa. É preciso que as pessoas acreditem em si mesmas.
Para mim, esta é a génese do sucesso e de superação de qualquer indivíduo.
Creio
que vivemos atualmente uma espécie de crise de ausência de “existencialidade
corporativa”. Quanto mais liberdade e responsabilização é dada às pessoas,
menos acreditam em si próprias? Quanto mais desafios lhes são colocados à
disposição, menos se sentem motivadas e empenhadas?
Vou
contar-vos numa história.
Havia
um reino com muitos súbditos. Estavam descontentes. Apesar de viverem no
palácio, cercados de ouro, deliciosas comidas, festas e favores do rei,
sentiam-se totalmente desmotivados e sem paixão pelo que faziam ou como viviam
o seu dia-a-dia.
Um dia,
o rei sabendo que estavam descontentes e desmotivados, enviou uma carta,
convocando todos para uma grande reunião no salão do palácio. Na carta do rei,
orientava que somente aqueles que quisessem tratar de interesses maiores do
reinado deveriam comparecer. Chegou o dia de se encontrarem com o rei. Muitos
dos súbditos curiosos pela chegada do rei aguardavam ansiosos.
Entrou
o rei acompanhado de muitos sábios do palácio, mas percebendo que nem todos
estavam ali, perguntou: “Porque não vieram todos?” Um dos sábios respondeu:
“Caríssimo rei, ouvimos falar que muitos não se acharam importantes o bastante
para tratar dos assuntos do reinado e preferiram continuar em seus afazeres.”
Então o rei falou para todos os que estavam ali: “Meus caros súbditos. Soube
que muitos de vocês estão descontentes com as tarefas e responsabilidades que
executam no castelo. Após reflexão vou passar alguns de vós para cargos com
maiores responsabilidades. Irei precisar de novos comandantes da guarda,
governadores de algumas províncias, comandantes de pelotões do exército e até
mensageiros e soldados. Vou lançar-vos alguns desafios e aqueles que passarem
vão merecer as novas responsabilidades. Aguardo por vós aqui amanhã.
No
outro dia entrou o rei no salão e percebendo menos homens na sala perguntou aos
sábios: “Onde estão os outros?”. Os sábios responderam que muitos dos homens,
sabendo que teriam desafios, acharam que seriam muito duros e difíceis e
preferiram não tentar. Não se achavam preparados ainda para grandes desafios.
Ao que o rei respondeu, muito descontente: “Mas eu ainda nem falei quais seriam
os desafios!”.
Então o
rei passou a primeira tarefa. Cada interessado pelos novos cargos deveria
escrever um pequeno texto que contentasse ao rei, porque seria a pessoa
indicada para a nova responsabilidade. Chamou alguns escritores do reinado e
pediu para que os ensinassem sobre a arte de escrever durante todo o resto
daquele dia. No outro dia, entrou o rei no salão e vendo menos homens,
perguntou aos sábios:”. Onde estão os outros que estavam aqui ontem? Vejo que
faltam muitos!?”. Ao que os sábios responderam: “Muitos acharam difícil a
tarefa de ter que escrever um texto e que não conseguiriam fazer a tarefa.
Então desistiram. O rei passou o próximo desafio e disse: “Vós tendes que
preparar um discurso para falar para um grande número de pessoas no dia que
comemorarmos a festa da colheita da cevada.”
O rei
em seguida trouxe os que preparavam os seus discursos e deixou-os o restante do
dia a ensina-los a preparar discursos. No outro dia, o rei entrou no salão e
vendo poucos súbditos, perguntou aos sábios:” O que houve com os demais que
estavam ontem?”. “Caríssimo rei, muitos disseram que não eram capazes de falar
para muitas pessoas e desistiram” – Respondeu um dos sábios.
O rei,
ainda esperançoso, passou então mais uma tarefa: “Vós tendes que ir a algumas
províncias para defender os meus interesses. Terão a minha proteção. Mas
encontrarão pessoas muito difíceis de lidar!”. Depois trouxe negociadores do
palácio para lhes dar instruções sobre negociação durante o restante do dia. No
dia seguinte o rei voltou ao salão e apenas três estavam a aguardar.
O rei
então olhou para eles e disse: “Vós tendo sido os escolhidos, ordeno aos coordenadores
do castelo que vos encaminhem para os novos ofícios.” O rei percebendo que os
três estavam com aparência de espanto e a olhar uns para os outros, cedeu-lhes
a palavra. Eles então falaram ao rei: “Amado rei, nós não cumprimos ainda as
tarefas dadas para vós. Até estamos a escrever algumas coisas, estamos a
treinar falar com o povo, e a arte de negociar, mas precisamos de mais tempo
para nos preparar. Nem sabemos se vamos conseguir.
O rei
com um sorriso, disse: “Muitos nem tentaram, outros desistiram antes mesmo de
saber quais seriam os desafios. Alguns abandonaram o que queriam no primeiro
pensamento de que encontrariam dificuldades, e outros na primeira dificuldade
que encontraram. Eles não acreditaram neles próprios, como eu poderia acreditar
neles?
Vocês
foram testados no mais profundo dos testes. Na crença em si mesmo! Para
realizar algo importante é preciso acreditar primeiro em si mesmo!”
Creio
nas pessoas por princípio, porque todas têm imenso potencial, humano e
profissional. Acredito nelas para as ver superarem-se e desafiarem-se
diariamente. “Acredito para ver” e com bem mais resultados, do que no “ver para
crer”. Ajudar as pessoas a chegarem à melhor versão delas próprias, é uma
jornada, que leva o seu tempo, mas altamente recompensadora.
É esta
capacidade de acreditar em si próprio em primeiro lugar, que faz de si uma
pessoa extraordinária, capaz de superar-se a cada dia quer como pessoa quer no
seio de qualquer equipa ou organização. Assim nascem os líderes! Aos líderes
atuais cabe o desafio de passar a visão com paixão, coração e dar as condições
para que chegue lá!
Seja,
em primeiro lugar, o rei do seu reino. Acredite em si próprio e os seus lideres
estarão lá para o apoiar e criar o espaço e as condições para se superar.
Artigo
retirado do Link to Leaders!