Um
pouco por todo o mundo está patente uma crise de confiança nas instituições. O
cinismo e o desconforto com o funcionamento das instituições generalizam-se, e
são alimentados por experiências continuadas de corrupção, descredibilização
dos partidos políticos e outros défices de desempenho institucional.
Também
em Portugal vão surgindo novas revelações, acusações e suspeitas, que enchem as
primeiras páginas dos jornais.
Há
pouco tempo, ouvia a antiga Procuradora-Geral da República dizer que “há uma normalização
de um determinado tipo de comportamentos e práticas que vão contra a
transparência e que põem em causa o funcionamento do Estado de direito.”
Nos
últimos dias, espalhou-se rapidamente nas redes sociais a notícia de um estudo
que, supostamente, colocaria Portugal “em quinto lugar dos países mais
corruptos em todo o mundo”.
Trata-se,
evidentemente, de mais um exemplo de manipulação enganosa de informação, de uma
“fake new”, como agora se costuma dizer. Contudo, a velocidade a que se
propagou esta mensagem por milhares de cidadãos não deixa de ser preocupante e
reveladora de um ambiente de desconfiança nas instituições, que parece
alastrar.
Neste
ambiente, facilmente as empresas são vistas como parte do sistema, abrindo-se o
caminho a uma maior projeção de alguns setores da sociedade portuguesa que
persistem em difundir antagonismos e preconceitos contra os empresários.
A
confiança nas instituições tem de ser restaurada, sob o risco de cairmos em
situações de rutura que destruam os fundamentos dos sistemas políticos e
económicos em que continuamos a acreditar e as causas que defendemos.
Por
isso, é grande a responsabilidade dos empresários na restauração de um clima de
confiança, não só nos mercados, mas em geral no tecido social em que vivemos.
A primeira
responsabilidade do empresário é assegurar a competitividade da sua empresa,
porque a liderança empresarial só será responsável se tiver como primeiro
objetivo garantir, numa perspetiva de sustentabilidade, a sua perenidade e a
subsistência dos seus postos de trabalho.
Só
através do sucesso e dos resultados gerados as empresas poderão contribuir de
forma determinante para a criação de valor e de emprego, e é esse o principal
papel que lhes compete desempenhar na sociedade.
Mas a
responsabilidade dos empresários não tem apenas uma faceta meramente económica.
Não é só um compromisso para com a sua própria empresa e os seus trabalhadores.
É, acima de tudo, um compromisso para com a sociedade em que exerce a sua
atividade, que deve ser assumido e valorizado.
E a
face mais visível dessa responsabilidade passa, naturalmente, por adotar
práticas socialmente responsáveis, entre as quais destaco a assunção de
princípios de ética empresarial, como referencial de conduta no mundo dos
negócios. Ética que começa pelo respeito pela lei e pelos compromissos que
estão na base de toda a relação empresarial.
Passa
também por assumir uma atitude de cidadania ativa, individualmente e através de
um associativismo empresarial forte e coeso.
Esta é
uma responsabilidade que cabe aos empresários, reforçando a sua capacidade de
intervenção na sociedade e o seu prestígio como atores do desenvolvimento
económico.
Tem
sido este o meu combate. Tem sido este o combate de muitos empresários que
partilham as mesmas causas.
Acredito
que é um combate em que vale a pena perseverar, contra ventos e marés.
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