O
primeiro mês do ano já passou. Assim sendo, só restam, de uma forma linear e
simplista, cerca de 92% do tempo e de recursos para atingir os objetivos
estipulados para este ano.
Efetivamente,
já não vivemos na época do emprego para toda a vida, e muitos fatores
contribuíram para o fim dessa época. A velocidade dessa alteração foi tanta que
arriscamos a dizer que, em mais ou menos duas gerações, mudou-se o paradigma da
ocupação profissional.
Existem
várias causas, mas podemos, desde logo destacar um primeiro fator que é a
tecnologia, no qual quase tudo assenta hoje em dia.
A
evolução recente da civilização humana tem sido marcada por fenómenos que
deixam marcas e que mudam paradigmas. No século XVIII tivemos a revolução
industrial, mas falando dos nossos dias destacamos a tecnologia a ditar o
funcionamento da sociedade e das suas diversas instituições e organizações.
Voltando
ao nosso tema, a tecnologia foi, certamente, um dos fatores a provocar a
mudança de paradigma e o desaparecimento do conceito de emprego para a vida,
principalmente em determinados setores onde robôs e outras máquinas
substituíram os homens em tarefas mecânicas e rotineiras. A tecnologia 5G
mudará as regras, ao facilitar a internet das coisas (IoT) ou a massificação
dos veículos sem condutor, sem falar do blockchain
e as suas aplicações.
Mas o
fenómeno continua, já não apenas com robôs e máquinas, mas agora o próprio
algoritmo – falamos da inteligência artificial – começa a substituir ou a
complementar (dependendo da perspetiva) o trabalho intelectual nas mais
variadas áreas; finanças, medicina, engenharia civil, jurídica, segurança, etc.
Um
segundo fator que, efetivamente, fez mudar esse conceito de emprego para a vida
é a própria dinâmica do ciclo económico. Também não restam dúvidas de que os
ciclos económicos – grande crescimento seguido de recessão – tiveram a sua
influência. Ou seja, os ciclos económicos tornarem-se mais curtos, significa
que atualmente se passa de um ciclo de crescimento para um ciclo de recessão
mais rapidamente e com implicações ao nível do emprego. Nos ciclos de recessão
perdem-se empregos e as pessoas são despedidas ou são forçadas a mudarem de
emprego, enquanto que nos ciclos de crescimento podem ser criados mais
empregos.
Um
terceiro fator que mudou esse paradigma é, sem dúvida, as competências dos
colaboradores. Hoje, com a massificação da tecnologia, da informação e do conhecimento,
as pessoas têm mais oportunidades de se capacitarem e de evoluírem nas suas
ocupações. Creio que todos nós somos testemunhas de pessoas que, com melhor
capacitação e melhores competências, conseguiram melhorar a sua condição
profissional. Ou seja, melhores competências podem permitir as pessoas terem
melhores empregos, e é por isso que se vê alguma mobilidade no mercado do
trabalho, quer ascendente, nos ciclos de crescimento, quer descendente, nos
ciclos de recessão.
Mas
além desses fatores que são válidos, as pessoas também mudam de organização por
vontade própria. Por tudo isso tenho a seguinte pergunta: o que o liga à sua
organização?
Sabemos
que nem todos estão nas respetivas organizações por vontade própria, muitos
estão porque as circunstâncias assim obrigam e assim a ligação que as une à
organização é ténue. Mas também temos muitos que se dedicam com empenho, com
muito brio profissional, não importam as circunstâncias, estão de corpo e alma
na organização, podem, eventualmente, até suportar alguma injustiça
pressentida, mas a ligação que as une à sua organização é forte. A esses,
dedico a minha admiração.